
Marcele Gorito.
Te amar em sonho é o que tens me restado, planejar uma poesia em que você fique subentendido, ouvir músicas em que você seja o refrão, isso tem sido o meu viver. O meu querer é um querer bem. Em meus pensamentos você tem moradia, e é como um parasita. Se alimenta do meu amor, consome minha alma, e é assim que a cada dia fico mais frágil. Sendo mais sua do que minha.
Marcele Gorito.
E ele, quando pensava nela, olhava para as estrelas como forma de consolo. Ela havia partido, mas a todo momento estavam juntos, em forma de poesia, em forma de canção.
Rita olhava o mar, seus olhos brilhavam de fascinação, era uma vontade de abraçá-lo junto com a vontade de correr sobre a areia molhada. Pietro a olhava com amor, sentado na pedra do arpoador. Em seu olhar havia amor, medo, aflição e acima de tudo vontade de seguir em frente.
Eles haviam discutido por coisas banais. Ela se levantara e fora dialogar com seu melhor amigo : o mar, já Pietro preferira continuar ali, em busca do nada, olhando para o horizonte. Lá de cima da pedra ele conseguiu observá-la, analisar seus passos e suas emoções.
Ele não lembrava mais o motivo de tal briga que causara sua separação, ao contrário dela que se sentia liberta de algo que a sufocava por tantos e tantos meses. Porém, o que ela estava sentindo era passageiro. Depois da liberdade veio a dor no coração, a falta de um bem precioso mas que ela mesmo não se permitiria ter de novo.
Pietro não imaginava do que Rita seria capaz, ela era tão segura, cabeça feita, mas seus atos estavam demonstrando o contrário. O mar estava agitado, impossível até mesmo para a pesca, molhar os belos pés e o singelo rosto eram as únicas coisas aceitáveis de qualquer ser humano fazer. Mas Rita foi mais além, foi andando contra as ondas como se fosse de encontro a algo e como se tivesse certeza do que procurava.
Pietro quando olhou-a, rapidamente procurou descer de onde estava e com certeza se pudesse teria saído voando. Correu contra o tempo, pedia a Deus e implorava pelo seu grande amor, mas o tempo não lhe ajudou, Deus não ouviu suas preces, pois ao chegar lá, de encontro com a areia, notou quando Rita olhou de relance em forma de despedida e se jogou, pediu que fosse levada para onde nunca deveria ter saído.
Pietro acompanhou toda a cena, sem nada poder fazer, e se sentindo incompetente por não ter conseguido salvar a vida do seu único e verdadeiro amor. Ele olhava fixamente para o mar, de seus olhos lágrimas caíam sem parar, o coração estava na boca. Ajoelhou-se naquela areia úmida onde Rita pisava segundos antes, olhava o mar, só que dessa vez com ódio, pois as águas haviam levado a coisa mais importante da sua vida.
E ali Pietro ficou por horas e horas, até ao anoitecer, quando olhou para as estrelas e viu que lá, em alguma constelação Rita estava, e seus nomes haviam sido selados perante o luar e perante as estrelas, e de alguma forma se tranquilizava por saber que toda a noite, a luz das estrelas, sabia que estariam juntos novamente.
Marcele Gorito.
Sabe, de maneira errônea eu amei alguém, alguém que não era digno de tanto e do tal amor que eu me disponibilizei a dar.Alguém que não fazia questão de um sentimento tão puro e singelo, um alguém que não teve dúvidas ao abrir mão, que disse 'não' com a consciência limpa, sem pena, sem olhar para trás. E de maneira errônea fui amada. Errônea porque dessa vez quem não merecia o tal amor era eu, dessa vez eu esnobava, eu não queria, eu tinha o coração trancado, eu tinha um outro alguém errado em meus sonhos, um alguém pelo qual eu lutava todos os dias e pelo qual a minha esperança jamais morreria. Um alguém que me tornou amarga, fria, alguém que me fez desacreditar no verbo amar, que me fez criar um bloqueio e não querer mais tentar de novo. E enquanto eu era amada, era feliz. Só não sabia e de certa forma não queria retribuir. Meus planos eram totalmente outros. Mandei-o seguir em frente, esquecer-me, ignorar minha existência, não queria mais um sofredor no mundo, um alguém como eu, um alguém sem sentido, com palavras desconexas, alguém sem rumo, sem chão. Insistia em omitir o sentimento que surgia para inibir o meu amor errado, só não imaginava que isso me traria tanta angústia. Tanta solidão. Mandei-o seguir em frente, seguir sua vida, sem mim, e queria isso de verdade. Só não planejava sentir saudades de uma voz, de um beijo na testa, de um bombom de bom grado, de uma sms pela manhã, de uma ligação de madrugada, de um elogio sincero, de um defensor vinte e quatro horas por dia; só não planejava ser insignificante para quem me amava com força e de forma sincera. Não planejava sentir ciúmes, não planejava ser só mais uma para quem me tratava como única. Não planejava fazer crescer um sentimento que tampouco eu imaginava que cresceria.
Marcele Gorito.