quinta-feira, 5 de abril de 2012

Uma história escrita e selada perante a luz das estrelas.

E ele, quando pensava nela, olhava para as estrelas como forma de consolo. Ela havia partido, mas a todo momento estavam juntos, em forma de poesia, em forma de canção.
Rita olhava o mar, seus olhos brilhavam de fascinação, era uma vontade de abraçá-lo junto com a vontade de correr sobre a areia molhada. Pietro a olhava com amor, sentado na pedra do arpoador. Em seu olhar havia amor, medo, aflição e acima de tudo vontade de seguir em frente.
Eles haviam discutido por coisas banais. Ela se levantara e fora dialogar com seu melhor amigo : o mar, já Pietro preferira continuar ali, em busca do nada, olhando para o horizonte. Lá de cima da pedra ele conseguiu observá-la, analisar seus passos e suas emoções.
Ele não lembrava mais o motivo de tal briga que causara sua separação, ao contrário dela que se sentia liberta de algo que a sufocava por tantos e tantos meses. Porém, o que ela estava sentindo era passageiro. Depois da liberdade veio a dor no coração, a falta de um bem precioso mas que ela mesmo não se permitiria ter de novo.
Pietro não imaginava do que Rita seria capaz, ela era tão segura, cabeça feita, mas seus atos estavam demonstrando o contrário. O mar estava agitado, impossível até mesmo para a pesca, molhar os belos pés e o singelo rosto eram as únicas coisas aceitáveis de qualquer ser humano fazer. Mas Rita foi mais além, foi andando contra as ondas como se fosse de encontro a algo e como se tivesse certeza do que procurava.
Pietro quando olhou-a, rapidamente procurou descer de onde estava e com certeza se pudesse teria saído voando. Correu contra o tempo, pedia a Deus e implorava pelo seu grande amor, mas o tempo não lhe ajudou, Deus não ouviu suas preces, pois ao chegar lá, de encontro com a areia, notou quando Rita olhou de relance em forma de despedida e se jogou, pediu que fosse levada para onde nunca deveria ter saído.
Pietro acompanhou toda a cena, sem nada poder fazer, e se sentindo incompetente por não ter conseguido salvar a vida do seu único e verdadeiro amor. Ele olhava fixamente para o mar, de seus olhos lágrimas caíam sem parar, o coração estava na boca. Ajoelhou-se naquela areia úmida onde Rita pisava segundos antes, olhava o mar, só que dessa vez com ódio, pois as águas haviam levado a coisa mais importante da sua vida.
E ali Pietro ficou por horas e horas, até ao anoitecer, quando olhou para as estrelas e viu que lá, em alguma constelação Rita estava, e seus nomes haviam sido selados perante o luar e perante as estrelas, e de alguma forma se tranquilizava por saber que toda a noite, a luz das estrelas, sabia que estariam juntos novamente.


Marcele Gorito. 
 
 
 
 

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