Poderia ser só mais uma daquelas histórias de cinema, em que
tem sempre a mocinha e a vilã. O casal principal briga a história inteira, mas
o final deles é feliz. Poderia ser mais
um conto do Caio Fernando Abreu ou Clarice Lispector, mas não. Essa é a minha
história, essa é a minha essência. E a minha história não começa com era uma
vez, nem com palavras bonitas. E ela começa assim...
Na pequena cidade de São Paulo vivia a pequena Sara, com seu
sorriso contagiante, cabelos dourados e olhos castanhos. Ela era pródiga de uma
beleza fora do comum e uma inteligência admirável. Ela cresceu próximo a seus
familiares paternos, e se sentia bem com eles, eram seu porto seguro depois da
separação de seus pais.

Ela passou a conhecer outro universo, se tornou uma moça
educada, aprendeu a se virar, cuidar de uma casa e a cuidar de si. Não fora seu
pai que a ensinara, mas sim sua madrasta que a princípio se mostrava a amiga
que Sara nunca tivera. E Sara a tratava como tal.
Mas a menina doce, meiga ao extremo se deixava passar por
muitas situações humilhantes e guardava para si mesmo as coisas que a
incomodavam, a madrasta de amiga não tinha nada e Sara começou a perceber que a
mesma tinha ciúmes dela com seu paizinho. A menina fora humilhada, e muita das
vezes apanhava sem saber o motivo. Não contava ao pai, pois sabia que o mesmo
nada faria e cansava de ouvir que era a “infelicidade da vida dos dois” e em um
dia comum que Sara se permitiu acreditar nisso, decidiu voltar a morar com a
senhora que lhe dera a vida, mas que não merecia o título de mãe.
Sinceramente ela não sabia qual seria a pior situação, mas
para todos ela dizia estar bem e feliz, quando na verdade se trancava no quarto
e chorava pelos desaforos que sua mãe dizia e pelo desprezo que aquele pai, o
paizinho, o melhor do mundo a estava dando.
Agora ela se diz uma menina que tem pais separados, mas que
ao mesmo tempo não possui pais, pois os mesmos não fazem questão de honrar o
papel que lhes foi dado.
Essa não é a melhor das histórias, mas é a minha história, e
como perceberam, Sara sou eu.
Marcele Gorito
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