sábado, 29 de dezembro de 2012

Uma história que não é de cinema


Poderia ser só mais uma daquelas histórias de cinema, em que tem sempre a mocinha e a vilã. O casal principal briga a história inteira, mas o final deles é feliz.  Poderia ser mais um conto do Caio Fernando Abreu ou Clarice Lispector, mas não. Essa é a minha história, essa é a minha essência. E a minha história não começa com era uma vez, nem com palavras bonitas. E ela começa assim...
Na pequena cidade de São Paulo vivia a pequena Sara, com seu sorriso contagiante, cabelos dourados e olhos castanhos. Ela era pródiga de uma beleza fora do comum e uma inteligência admirável. Ela cresceu próximo a seus familiares paternos, e se sentia bem com eles, eram seu porto seguro depois da separação de seus pais.
Sara vivia com a mãe, Marluce e com a irmã Berenice. Mas logo resolveu ir morar com o pai e juntamente com ela, fora sua irmã. Carlos, seu pai, era o melhor do melhor do mundo pra ela, tinha o melhor carinho, o melhor abraço e a melhor conversa, ao contrário de sua relação com a sua mãe que era a base de, me desculpem o palavreado, porrada e palavras xulas.
Ela passou a conhecer outro universo, se tornou uma moça educada, aprendeu a se virar, cuidar de uma casa e a cuidar de si. Não fora seu pai que a ensinara, mas sim sua madrasta que a princípio se mostrava a amiga que Sara nunca tivera. E Sara a tratava como tal.
Mas a menina doce, meiga ao extremo se deixava passar por muitas situações humilhantes e guardava para si mesmo as coisas que a incomodavam, a madrasta de amiga não tinha nada e Sara começou a perceber que a mesma tinha ciúmes dela com seu paizinho. A menina fora humilhada, e muita das vezes apanhava sem saber o motivo. Não contava ao pai, pois sabia que o mesmo nada faria e cansava de ouvir que era a “infelicidade da vida dos dois” e em um dia comum que Sara se permitiu acreditar nisso, decidiu voltar a morar com a senhora que lhe dera a vida, mas que não merecia o título de mãe.
Sinceramente ela não sabia qual seria a pior situação, mas para todos ela dizia estar bem e feliz, quando na verdade se trancava no quarto e chorava pelos desaforos que sua mãe dizia e pelo desprezo que aquele pai, o paizinho, o melhor do mundo a estava dando.  
Agora ela se diz uma menina que tem pais separados, mas que ao mesmo tempo não possui pais, pois os mesmos não fazem questão de honrar o papel que lhes foi dado.
Essa não é a melhor das histórias, mas é a minha história, e como perceberam, Sara sou eu.


Marcele Gorito

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