terça-feira, 30 de outubro de 2012

Desacreditou

Ela anda desacreditada no amor, muito a magoaram e não souberam fazê-la feliz da maneira que merece e sempre mereceu. Menina, garota, mulher, tudo em um só corpo. Menina-mulher, que é doce, sensível e vive a procura de quem a complete, a procura de quem a queira de verdade, queira fazê-la feliz e que não pense na partida. Garota sonhadora, garota moleca, sapeca e risonha. Ela gosta de tentar a sorte, mas de tanto bater com a escuridão se fechou, e hoje a doce menina-mulher virou gelo.

Marcele Gorito

Clichê

Sinceramente não sei bem o que me trouxe aqui para escrever, escrever o que sei que muitos não lerão, mas é que preciso desabafar.


Ando cansada das características pré-formuladas desse círculo mundano, cansada das pessoas que não conseguem enxergar como o sol é lindo mas conseguem reparar na roupa de marca ao qual o outro está usando. Parece clichê, deve mesmo ser. Tendo dito que as pessoas são o que a sociedade quer que elas sejam e quanto a isso solto o meu eterno "dane-se", afinal, porque eu deveria ser a barbie articulada, linda e perfeita se sou humana?

Marcele Gorito

O fim

Não sei o porque de tanta saudade quando na verdade o que eu mais queria era estar te odiando. Me apeguei de um jeito estranho e não sei como mudar isso, talvez esteja me iludindo novamente e novamente acho que pode ser diferente quando na verdade já sei o final da história: eu trancada no quarto chorando e escrevendo trilhões de pensamentos; você feliz, saindo com os amigos e fingindo não me conhecer.


Marcele Gorito

Meu falso herói.

Cheguei a achar que você fosse diferente de todos os outros, te achava o melhor, te achava o meu herói. Era você que tinha o melhor abraço, o melhor consolo, as melhores palavras. Mas percebi que esse herói só existia dentro de mim, eu o criei, porque na realidade ele nunca existiu.

Marcele Gorito

Meu eu.



É tão estranho ficar aqui sentada, as pessoas passam e não reconheço ninguém e é como se de fato estivesse sozinha. Vazio. É isso que há dentro de mim. Um vazio. Sorrio e aceno, mas as pessoas não me cumprimentam. E de repente estou invisível. Levanto e corro por entre a multidão e percebo que já não conheço o lugar onde estou e já não entendo mais o que as pessoas tentam me dizer. Observo cada olhar sobre mim e me sinto uma estranha dentro do meu próprio eu, me perco, me busco, sento na areia da praia e ninguém me reconhece, que bom. Melhor assim.

                                                             Marcele Gorito

"Preciso aprender a me doar menos, aprender a não esperar nada de ninguém, afinal, quem espera se decepciona. Quero me surpreender, quero coisas novas, pessoas novas e momentos diferentes, quero pensamentos felizes e não quero mais planejar, quero fazer acontecer. Preciso aprender a não amar quem gosta de pisar. "

  - Marcele Gorito


"Porque eu preciso de desejo, eu preciso que me queira, mas me queira mais que tudo. então se for só pra brincar comigo, final da fila e boa sorte, porque de babacas como você eu já estou farta." 

                                           Sâmela Almeida

Mas eu nunca tive


Acordei, mas a cama estava insuportavelmente confortável. Não queria levantar, não queria ver o sol, não queria ver ninguém nem mesmo a minha imagem no espelho. Liguei a televisão e apressadamente fui mudando de canal sem prestar a atenção mas logo em seguida a desliguei. Peguei um livro mas não conseguia ler sequer uma linha. Não era tédio, não era saudade, não se tem saudade do que nunca se teve. Era falta, falta de algo que eu nunca tive.

                                                            Marcele Gorito


Por que não arriscar?




Caramba! – exclamava sempre ao pensar nele. Era inevitável a forma como ela mudava na presença dele. Ficava mais artificial, forçada, fazendo tudo ao pé da letra pra não ter erro, mas mal sabia que não precisava de nada disso, era uma asneira tentar conquistar alguém que ela já havia conquistado mesmo sem saber.
Ele sorria ao pensar nela e suas mãos suavam só de estar em sua presença. Ela não sabia, nem ele.
Sentimento oculto, sentimento sincero. Dois corações vencidos pela timidez e pela falta de segurança; Ambos tinham medo do ‘não’, porque não sabiam que ambos diriam ‘sim’ um para o outro.
E assim o tempo passou, e a vida deles tomou rumos diferentes. A timidez não deixou que seguissem em frente, nunca tentaram, jamais se arriscaram e ficaram sem saber se um dia dariam certo.
Agora cada um estava indo pro seu lado, com aquele amor guardado no peito, ambos encontraram alguém pra passar o tempo.
E ambos estão fingindo uma felicidade, ambos estão sobrevivendo.


Marcele Gorito

Amor, amizade ou paixão?


Ela havia se acostumado a solidão do quarto, as noites frias debaixo do edredon e as músicas tristes que passaram a fazer parte de sua vida. Ela comia chocolate e formulava novos textos na cabeça mas não ousava passar para o papel. Estava vivendo, estava sobrevivendo, não queria mais acreditar em nada e em mais ninguém. Ela queria ficar sozinha com ela mesma.
Mas daí surgiu um contratempo, uma contradição. Alguém surgiu e deu alegria aos dias de solidão, fez companhia para comer chocolates, ouviu músicas tristes de apoio sentimental. Surgiu alguém que a cativou, que a acolheu quando ela mais precisou e quando ela menos acreditou.
Não falo de amor, não falo de paixão, falo de amizade. Ou talvez de amor, não sei.

                                      Marcele Gorito

Fiquei procurando onde você estava, mas bastava olhar pra minha imagem no espelho que era fácil te encontrar. É, você estava em mim. No meu olhar, no meu pensar e no meu sorrir. Te criei, te personalizei e te tornei meu. Meu falar, meu querer. Te tornei minha importância, minha preocupação, tudo dentro de mim, sem ao menos deixar você perceber.

Marcele Gorito

Inocência


Não sei quando começou, quando vi estavam de papo na escada da escola dele; ela era meiga, doce e inocente, se achava durona mas era fácil um garoto como ele enganar meninas assim. Ela acreditava que era querida por ele e até foi, mas não o suficiente para ser a única. Ela queria ele. Ele queria ela, mas olhava as outras e pegava qualquer tipinho. Calejada desse amor ela resolveu seguir em frente abarrotando o coração e fingindo que havia esquecido aquele amor ingrato. Se envolveu com um velho conhecido. Palavras doces, voz de veludo, mãos quentes... Pensamentos loucos. Mas ele se achava o maioral e ela achava bonitinho, a opinião dele para ela valia muito. Foi um desses amores amargos que a gente não gosta de lembrar, com começo feliz e chance de ser pra sempre. Terminou na cama, chorando, comendo chocolate já que não podia beber vodka. Dor que não tinha fim, nada fazia curar, era um vazio, um buraco no peito. Até que aquele amor antigo ressurge e arde mais forte e se faz notar. Ela não sabia se acreditava, tinha medo. Cansou de ter má sorte no amor e queria se fechar. Tão inocente que chega a ser bonito. Será que não sabes menina, o coração sempre quer o que a cabeça não deixa?! Agora está lá, estudando, pensando e escrevendo.

                                         Sâmela Almeida


Indiferença




Você já não manda mais mensagens para os mesmos números, meu celular já não toca mais e agora ninguém mais sente a minha falta. Porque era você o menino dos meus sonhos, era você que me completaria no futuro distante e era você que me acalmaria e me estenderia as mãos ao cair da noite, mas eu deixei você ir.
Deixei que fosse e seguisse seus caminhos, parei de seguir seus passos e já não lembrava mais seu nome, as notícias cada vez ficavam mais escassas até que já não existiam. As lembranças morreram junto com aquilo que você sentia, aquilo que só você sabia decifrar, aquilo que eu nunca compreendi a não ser em outros corpos e em outros corações, aquilo que eu jamais me permiti sentir por você.
Não sinto falta, acho que jamais senti. Só que é bom ser alvo de encanto, é bom ser amada e querida, já não sei mais o que é isso, não sei mais definir o que é bom e o que é ruim.
Se ouço falar nem presto atenção, se passa por mim finge não me ver. Não o culpo, faria o mesmo. Não há lembranças, tampouco palavras que façam com que eu me lembre do que você foi um dia pra mim, se é que foi.
Você passou como tudo passa na minha vida, só que diferente de muitos, você passou e não marcou. 

                                  Marcele Gorito

Menina!



Ó menina, não fiques assim, não fiques tão cabisbaixa, és merecedora de um sorriso belo, ficas tão linda quando o tens. Ó pele morena, porque andas tão insegura? Onde foi parar suas certezas? Ó menina mulher, não deixes que ele leve seu coração novamente, não permitas cair no conto do vigário. Não deixes que a machuquem mais uma vez, acabas de se levantar . 

- Marcele Gorito

Pra quem é esse tal de amor?


Fico me perguntando ao cair da noite, na verdade fico me perguntando o dia inteiro o que foi que eu fiz pra não merecer isso. O amor não é para todos? Ou eu não devo me incluir no ‘todos’?

Tem razão quem diz que amor é para os fortes, admito que sou muito fraca, fraca porque me iludo facilmente e acredito nas palavras ditas da boca pra fora. Sei como devo agir mas não quero agir, talvez seja por isso que o amor foge de mim, talvez eu não tenha maturidade pra isso, talvez ainda haja muito o que aprender. Não há pessoa certa pra pessoa errada, e talvez seja esse o meu problema.


Marcele Gorito

E daí vem o sofrer...


Ela encantara-se com um sorriso, mas não levou fé no coração. Ele tentava, ela negava. Carlos estava apaixonado, tinha certeza do quanto queria Samantha, seu coração pulsava forte ao pensar nela. Escrevia coisas para agradá-la, corria atrás e ao estar com Jonas, amigo em comum dos dois, só sabia citar o nome dela ao mesmo tempo em que captava os menores detalhes que poderia saber de sua vida. Por outro lado, Samantha estava apaixonando-se mas recusava-se acreditar, julgava-se incapaz de viver um grande amor. Não sabia como havia começado essa história toda, só sabia que estava se apegando e ao contrário do início da história, do final ela já sabia o enredo. Ele entregava-se como nunca, ela encondia-se na timidez, dizendo não para os desejos do coração enquanto Carlos fantasiava a história
de amor mais bela já existente. Samantha conseguiu convencer-se de que não seria mais possível fingir, pois já estava estampado na cara a felicidade que sentia ao estar junto de Carlos. Eles se completavam... Mas não se sabe se Carlos havia cansado da espera por ela, ou se tudo não havia passado de um ledo engano. A luz que os interligava havia se apagado. Confusões, pessoas e situações haviam destruído algo que não teve começo, algo que se tornou incerto, algo que não começou e que não teve fim. Samantha resolvera entregar-se quando Carlos estava partindo, partindo da mesma forma que havia chegado: de repente, sem mais nem menos. Ele partira sem explicações, sem dizer as palavras que estavam entaladas em sua garganta, deixando Samantha em extrema curiosidade, que nunca soube o que ele diria, que nunca soube o que ele de verdade sentia. Ele partiu e com isso deixou um coração ferido, um coração inocente e sem experiência quando se trata de amor. Deixou para trás mesmo dizendo que se importava e que tinha sentimentos por ela. Deixou para trás um coração que ainda espera por ele, um coração que ainda o procura por entre a multidão. Samantha nunca mais acreditou no amor, pois ela havia perdido quem havia dado sentido a essa pequena palavra. Hoje, ela encanta-se com um português a distância, mas não é amor. Não, não é! É carinho, é carência.
Ela chora, escreve lamentos e pede a Deus todos os dias para aliviar a dor que carrega no peito, pede a Deus para curar a ferida do coração para que um dia volte a amar e que encontre alguém que a tire da realidade, mas que não seja uma mentira. E assim como Samantha, muita gente se envolve numa história ilusória, cai no truque do amor, se apega e perde antes de ter, e daí vem o sofrer...




Marcele Gorito

Simplicidade


Estava parada no portão da casa ao esperar por ele. Cinco minutos e ele apareceu com um lindo sorriso no rosto, com uma roupa folgada e pés descalços. Era assim que se encontrava mais lindo do que nunca. Não precisava de roupas bonitas, cabelo arrumado muito menos de perfume, ele tinha cheiro próprio, um aroma adocicado e extravagante. Aproximava-se de mim com sede de amor, beijava-me a testa e acariciava
minha face seguido de um abraço acolhedor, e era nesse momento que eu desabava, chorava e desabafava sobre as dores do dia, ele ouvia-me pacientemente e com preocupação. Eu não conseguia ter medo do que ele pensaria de mim, confiava de olhos fechados, era meu porto seguro e com certeza eu também era o seu. Depois dos desabafos ele fazia-me cócegas para fazer-me sorrir, olhávamos para o céu de mãos dadas, contávamos as estrelas e fazíamos pedidos ao luar. Era amor, era verdadeiro. Tocava meus lábios com seus dedos e olhava-me nos olhos enquanto emitia um sorriso de ponta a ponta, alisava meu queixo e recitava poesias. Beijava-me os lábios, beijava-me com fervor, com sede, beijava-me calmamente e ardentemente. Beijava-me.. Acordei assustada com lágrimas nos olhos, havia tido um sonho. Um sonho lindo onde estava junto ao amor, o amor que um dia me pertenceu, porém, o perdi.


Marcele Gorito

Não! Suma!

Tire-me dessa solidão, dessa intensa agonia, tire-me desse tédio, dessa monotonia. Quero te sentir de novo e sussurrar o quanto te amo. Não! Não! Quero gritar para que todos possam saber. É verdadeiro, e só eu sei. Só eu sei das dores de amor que sinto ao cair da noite, do vazio que corrói meu peito ao esperar por você quando não sei mais o que esperar. Histórias, fantasias de amor que eu crio em minha cabeça, mas que não passam de doces sonhos. Tire-me daqui, dessa angústia. Fuja! Fuja comigo! Cumpra as promessas que fizemos na praia ao pôr do sol, faça-me feliz de novo como já fez um dia... Tire-me daqui... Tire-me de você... Saia de mim.

                                                                     Marcele Gorito

Diamantes


Sabe aquele dia em que você acorda e pede a Deus que te aconteça algo de bom? Você não percebe, mas lá de cima ele está planejando tudo de melhor. E foi assim comigo. Eu pedi a Deus que me mandasse um sinal, uma luz pra alegrar minha vida, e ele mandou.


Mandou dois diamantes com a condição de que eu prometesse cuidar, polir e proteger com todas as minhas forças. E é o que eu tenho feito com esses diamantes que de um dia pro outro surgiram na minha vida e que de uma maneira surpreendente que na verdade eu desconheço ganharam um grau de importância muito alto, e quando me perguntam “o que isso significa para você?” eu respondo com toda a sinceridade “o meu mundo”. Esses diamantes têm nome e endereço, esses diamantes erguem meu muro toda vez que ele desmorona, esses diamantes não se importam de passar um dia ou um ano ouvindo meus problemas, porque no fundo, sabe que eu faria o mesmo. A cada dia que passa eu continuo a polir mais e mais esses diamantes para que a cada dia eles fiquem mais lindos e que com o tempo se tornem mais verdadeiros e que sejam duradouro, pois eu aprendi a amar esses diamantes, aprendi a amar com todas as minhas forças.

                                        Marcele Gorito

Sorrir chorando.



Em casa, nada esperava, muito menos alguém. Ficava naquela velha rotina desanimada de escrever um novo texto e ler um novo livro além da constante dor de um amor não correspondido. As minhas lágrimas não mais caíam pois não havia mais lágrimas para cair e o meu sorriso já era acostumado a ser daquele jeito forçado. O sol brilhava lá fora mas a persiana não permitia que meu quarto fosse iluminado e eu já não fazia questão de abrir a janela enquanto ouvia músicas que faziam apertar meu coração. Meus olhos pestanejavam e bem no fundo conseguia-se ver a tristeza em meu olhar, um olhar que traduzia nostalgia, um misto de saudade e solidão. Há quem diga que espero demais da vida, mas não. Não espero nada da vida mas sim das pessoas. Espero um abraço acolhedor, um beijo na testa, uma palavra amiga e um "boa noite" ao fim do dia. Termino meu dia de maneira oposta. Acordo sorrindo e durmo chorando, um choro por nada, um choro vazio composto apenas pela música que me toca.


Marcele Gorito

Pode demorar...


Que demore! Que demore quatro anos ou apenas alguns dias. Que demore várias primaveras ou que demore apenas um verão. Demore!Demore décadas e séculos, demore quanto achar que deves demorar! Demore um dia, demore cinco minutos ou muito mais que isso! Apenas demore quanto quiseres! Demore, pois eu sei que passará. Demore! Demore, pois eu esquecerei. Demorará, mas vou esquecer, vou esquecer aquela lágrima que de mim rolou ao ver um sorriso teu. Demore! E vou esquecer aquela ferida que tu me fizeste, vai cicatrizar. E depois que demorar e que passar o tempo, não mais doerá, as lágrimas não mais rolarão. Eu vou esquecer, esquecer as palavras que saíram de tua boca, esquecer do amor não correspondido, esquecer das noites de amor que para tu nunca significastes nada. Demore! Demore, mas sei que passará, e quando passar não sobrará nem vestígios daquele meu amor, daquele meu carinho. Por isso demore! Demore! Pois quando passar, passará para sempre.


                                                                                Marcele Gorito

Peço aos céus um pouco de luz e menos amor. Menos dor e cabeça confusa. Irei encontrar seus passos seja onde for, nem que seja pela última vez ao menos para poder lhe dizer que você é o meu sol e que bate saudade em meu coração. Sorrio para o luar, pois de algum lugar qualquer você também pode ver a lua brilhar, e olhar para lua é como olhar para você..



Marcele Gorito

Conhecer-te!


Ah, que bom conhecer-te! Conhecer-te quando o mar estava prestes a me afogar Conhecer-te quando nada mais poderia dar certo Quando eu não tinha mais salvação Conhecer-te! Conhecer-te quando virei as costas pro mundo, e então você sorriu pra mim Conhecer-te quando minhas palavras se faziam desconexas Conhecer-te quando tudo estava dando errado... Você veio e me fez a coisa certa Se tornou o caminho certo da pessoa errada.

Marcele Gorito

Chega!


Remexo-me na cama, o sono exita em chegar, o pensamento lá em você na esperança de encontrar-te em sonho. O seu sorriso me abençoou e os seus olhos me fascinaram. Não é conto, muito menos uma história de amor, é só meu coração batendo, minha alma sorrindo e minha razão falando mais alto. Hoje penso mais, não acredito em falsas promessas; devaneios só enquanto estiver no conforto de minha cama, sorriso de meia boca para quem me é indiferente. Desse modo levo meu ser, remexo-me na cama pensando em você, porém, com a consciência limpa de que não esperarei nada. Nada de incertezas, de falso amor, de alusões. Nada de rancor, nada de coração bobo e apaixonado.

Marcele Gorito

Desconhecido

O cheiro do café entrava pelas narinas e minhas mãos tremiam calorosamente, talvez por estar com medo ou por simplesmente não saber o que fazer quando chegasse em casa. Solteira. Desempregada. O barulho do metrô me trazia a vasta realidade. Aquela velha história de busca por uma nova vida fazia meu coração palpitar e minha face transpirar, assistir a TV passava-se a ser inútil e decepcionante, ruborizava a cada gesto e tentativa de argumentação equívoca. Martha! Martha!- ouvia chamar meu nome. Procurava quem, procurava onde mas era de pouca valia, era o meu próprio fantasma cobrando-me as próprias necessidades da vida, era o que chamamos de subconsciente indagando as novas perspectivas. Anoitecia em casa, anoitecia na estação de metrô, agora já era dia do outro lado do mundo, e aquela que era forte como um escudo se desfazia na sala de sua casa em meio a tantos pensamentos soltos, em meio a tanta melancolia. E logo ao amanhecer sair da cama era a coisa que ela se negava a fazer, o desemprego já era fatídico, há tempos não escrevia uma só linha, há tempos não escrevia um só livro. Coisas aconteciam em sua vida, com razões que ela mesma agradecia por desconhecer.


                                               Marcele Gorito

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Talvez um dia eu compreenda

Não sei porque mas de uns dias pra cá não consigo mais me concentrar, sentar e escrever. Nem sequer quero pensar nas palavras, talvez hoje tenha sido uma exceção. Todos me perguntam sobre o meu novo texto e ficam desiludidos quando digo que não há um novo texto há meses, nem uma mísera frase tenho conseguido formular. Não consigo ler, nem escrever. O que há de errado comigo? Porque não tenho feito as coisas que mais amo fazer nessa vida?
É estranho se sentir estranha dentro de você mesma, é estranho querer fugir de si própria e parar de se questionar. Quanto mais questionamentos, maior a confusão. Não, não gente, não é que me encontro apaixonada não, é que eu tô curtindo essa fase de não querer nem esperar nada, daí me pego assim, pensando em não sei o quê, falando palavras a vulso sem fazer questão de que compreendam.

                                                                                                                  Marcele Gorito

Eu gosto, é isso!



A verdade é que eu gosto quando ele me chama de "meu amor" ou de "garota chata", gosto quando puxa o meu cabelo ou me puxa pra perto, quando me ofende mas logo me beija, quando me encanta ou quando me irrita, quando me abraça e sorri pra mim, eu só gosto, e é isso!

                                                                                                                       Marcele Gorito

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Porque a gente é desse jeito, a gente cria conceito.



Estávamos deitados no quarto em meio a carícias e maus tratos. Era nosso jeito de amar, de querer bem um ao outro. Tanta conversa, tanto segredo jogado ao vento, tantos olhares que transmitiam encanto.  Ele fazia-me cafuné enquanto eu o mordiscava, tarde feliz não é? Pois é, a felicidade não requer apenas abraços e beijos junto a palavras bonitas. Às vezes um simples olhar pode dizer muito mais. Estávamos ofendendo um ao outro, está certo que com ofensas idiotas, mas éramos verdadeiros idiotas diante de um sentimento ao qual nenhum dos dois havia identificado qual era. Sorríamos um com o outro, trocávamos mensagem de texto para se fazer lembrar e não cair no esquecimento. Daí eu me pergunto: pra que tanta chance desperdiçada? E a verdade é que as coisas acontecem no tempo certo. Talvez se tivesse acontecido antes não teria dado certo, talvez naquele momento nenhum de nós estivéssemos preparados para tal coisa. E foi tão ruim acontecer só agora? Digo por mim que não, não foi. Porque aconteceu agora pra acontecer intenso como está sendo. E não me arrependo da quantidade de “não” que um dia dei, de quantas noites fiquei a pensar o que seria realmente bom pra mim, o que realmente me faria feliz, porque hoje me sinto bem e aprendi a dar valor a quem me quer bem, e não a quem simplesmente me quer.

Marcele Gorito