Estávamos deitados no quarto em meio a carícias e maus
tratos. Era nosso jeito de amar, de querer bem um ao outro. Tanta conversa,
tanto segredo jogado ao vento, tantos olhares que transmitiam encanto. Ele fazia-me cafuné enquanto eu o mordiscava, tarde
feliz não é? Pois é, a felicidade não requer apenas abraços e beijos junto a
palavras bonitas. Às vezes um simples olhar pode dizer muito mais. Estávamos
ofendendo um ao outro, está certo que com ofensas idiotas, mas éramos
verdadeiros idiotas diante de um sentimento ao qual nenhum dos dois havia
identificado qual era. Sorríamos um com o outro, trocávamos mensagem de texto
para se fazer lembrar e não cair no esquecimento. Daí eu me pergunto: pra que
tanta chance desperdiçada? E a verdade é que as coisas acontecem no tempo
certo. Talvez se tivesse acontecido antes não teria dado certo, talvez naquele
momento nenhum de nós estivéssemos preparados para tal coisa. E foi tão ruim
acontecer só agora? Digo por mim que não, não foi. Porque aconteceu agora pra
acontecer intenso como está sendo. E não me arrependo da quantidade de “não”
que um dia dei, de quantas noites fiquei a pensar o que seria realmente bom pra
mim, o que realmente me faria feliz, porque hoje me sinto bem e aprendi a dar
valor a quem me quer bem, e não a quem simplesmente me quer.
Marcele Gorito
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