Ela havia se acostumado a solidão do
quarto, as noites frias debaixo do edredon e as músicas tristes que passaram a
fazer parte de sua vida. Ela comia chocolate e formulava novos textos na cabeça
mas não ousava passar para o papel. Estava vivendo, estava sobrevivendo, não
queria mais acreditar em nada e em mais ninguém. Ela queria ficar sozinha com
ela mesma.
Mas daí surgiu um contratempo, uma
contradição. Alguém surgiu e deu alegria aos dias de solidão, fez companhia
para comer chocolates, ouviu músicas tristes de apoio sentimental. Surgiu
alguém que a cativou, que a acolheu quando ela mais precisou e quando ela menos
acreditou.
Não falo de amor, não falo de paixão,
falo de amizade. Ou talvez de amor, não sei.
Marcele Gorito
Nenhum comentário:
Postar um comentário